Este blog tem como criadores Thiago Almeida, Marcos Lazaro e Gilberto Teles discentes do curso de Licenciatura plena em Geografia pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB CAMPUS IV Jacobina - Ba.Apresenta como objetivos relatar e expor idéias a partir das experiências vividas ao longo da prática do componente curricular Estágio Supervisionado em Geografia I.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Artigo - Geografia escolar: uma reflexão do ensino

Geografia escolar: uma reflexão do ensino

Gilberto Teles
Marcos Lazaro
Thiago Almeida

Resumo
As idéias expostas no presente artigo, procuram problematizar as aulas de Geografia que, na sua grande maioria segue uma postura tradicional, baseado na descrição dos conteúdos e manuais didáticos. A problematização desse tema surge diante da necessidade de se romper com a visão tradicional da Geografia e entende-la a partir da relação da sociedade com o meio.

Palavras chave: Ensino, tradicional, Geografia.


INTRODUÇÃO
Embora haja grande esforço em superar o ensino tradicional, evidencia-se ainda hoje que essa concepção pedagógica é muito utilizada na sala de aula. Práticas docentes que apenas reproduzem conteúdos dos livros didáticos, uso de metodologias convencionais, como aulas expositivas centradas na figura do professor (características gerais dessa proposta de ensino) representam bem a nosso ver, a deficiência dessa concepção pedagógica no processo ensino/aprendizagem atual. Outra característica desse modelo conteudista de ensino, refere-se à idéia de induzir o aluno à condição de elemento passivo (receptor e assimilador de conteúdos) não atuante em seu processo de desenvolvimento intelectual.

Diante desse quadro, o ensino da Geografia apresenta-se ainda dentro de uma concepção tradicional, marcada pela descrição e memorização dos elementos que compõem as paisagens da superfície terrestre, dissociados da relação do homem com o meio. Ou seja, uma Geografia descritiva e neutra, que negligencia a relação da sociedade com o espaço.

A aplicação dessa Geografia tem apresentado baixo rendimento na sala de aula contribuindo muito pouco no processo de formação de sujeitos críticos e atuantes na sociedade. Isso ocorre por que, essa perspectiva reproduz maneiras antigas de ensino vinculadas ao uso excessivo de materiais didáticos. Para Lima (2005) os conteúdos transmitidos a partir desses materiais didáticos “(...) não enfatizam a compreensão do saber geográfico, acumulado, dificultando a visão geográfica geral, vivenciada no cotidiano e tão necessária para melhorar as relações entre o homem e a natureza”.

As idéias expostas nesse artigo procuram discutir as aulas tradicionais de Geografia, que em sua grande maioria são baseadas em conteúdos listados nos livros didáticos. A problematização desse tema surge diante da necessidade de se romper com a visão tradicional na Geografia e entendê-la a partir da relação sociedade/natureza, homem/meio, ou seja, perceber que/e como os homens modificam os espaços que habitam conforme as relações se estabelecem entre si.

REFERENCIAL TEÓRICO

Caracterização do ensino tradicional de Geografia:
A postura tradicional da Geografia escolar refere-se a questão didático-pedagógica que considera como importante no processo educativo, a reprodução de manuais didáticos, que direcionam a aprendizagem a repetições de informações e conhecimentos gerais. De acordo com Brabant (1989) a partir do “(...) discurso descritivo, a Geografia na escola elimina, na sua forma constitutiva, toda a preocupação de explicação).

O ensino da Geografia dentro dessa concepção prioriza a decoração, enumeração, e descrição de conteúdos fragmentados e/ou isolados da realidade social e cultural do aluno. Segundo Lima (2005) em muitas situações didáticas verifica-se “a negligenciação da Geografia regional em termos da caracterização e descrição das macro regiões do mundo”. O uso dessas metodologias conduz a uma insatisfação dos alunos frente a essa disciplina, provocando um desinteresse dos mesmos pelos assuntos geográficos.

Dentro dessa perspectiva, ao nosso ver dificilmente o ensino contribuirá para que os sujeitos em processo de aprendizagem expressem livremente o desenvolvimento de suas idéias e atitudes frente ao mundo que se globaliza intensamente, tornando-se necessário romper com conteudismo da escola tradicional mas especificamente da Geografia tradicional.

Propostas para o ensino da Geografia:
Dentro da necessidade de se propor uma reflexão crítica do ensino da Geografia em substituição ao modelo pedagógico conteudista que vem sendo aplicado, torna-se necessário perceber que “o cerne dessa ciência contraditoriamente a própria gênese da palavra, não é no nosso ponto de vista nem a terra (Geo) nem tampouco a descrição (grafia), mas sim o espaço geográfico entendido como aquele espaço fruto do trabalho humano na necessária e perpetua luta dos seres humanos pela sobrevivência”. (KEARCHER, 2003)

Sendo assim, o que julgamos fundamental no ensino de Geografia é a compreensão dos porquês das paisagens em que vivemos, conhecer o espaço geográfico em suas múltiplas relações, de modo a compreender o papel das sociedades em sua construção. A partir dessa perspectiva considera-se importante construir no dia-a-dia relações cotidianas com os alunos e propiciar-lhes condições para que entendam a importância dessas idéias para a Geografia.

Faz-se necessário aqui ressaltar a importância da capacitação do profissional que trabalha com a Geografia escolar. Ensinar Geografia requer dos professores uma percepção do espaço enquanto resultado do trabalho do homem, com a questão que envolve uma relação que deve ser compreendida. Micheleto apud Straforini (2004) afirma que “nesse período marcado pela técnica, ciência e informação é mais necessário aprender Geografia para compreender o mundo em que vivemos”. Dessa forma o geógrafo deve entender que os problemas relativos ao espaço escolar estão intrinsecamente relacionados aos problemas do homem com a sociedade, estabelecendo relações diretas entre o que se ensina e o que se aprende, reafirmando assim a função social da ciência.

CONCLUSÃO
Diante dessa problematização, evidenciou-se que as aulas de Geografia na sua grande maioria seguem uma postura tradicional baseada na descrição e memorização de livros didáticos, mostrando-se assim uma disciplina inútil, sem nenhuma aplicação prática na vida cotidiana do aluno. Sendo assim, enfatizamos a necessidade de romper com essa concepção pedagógica tradicional e adotar um ensino mais dinâmico que conceba o aluno sujeito ativo no processo de ensino/aprendizagem. A Geografia, ao contrario da própria gênese de sua palavra, tem como objeto de estudo o Espaço geográfico, ou seja, o espaço das sociedades, construído e transformado pelo homem, não cabendo a ela a inútil função de descrever as paisagens, e sim desvendar as relações existentes por trás de suas formas.

Referências:

BRABANT, J. Crise da geografia, crise do Estado. São Paulo: Contexto, 1985.

CAVALCANTI, L. Geografia e prática de ensino. Goiânia: Alternativa, 2002.

KEARCHER, Nestor. Desafios e utopias no ensino da geografia. Santa cruz do Sul, 2001.

STRAFORINI, Rafael. Ensinar Geografia: o desafio da totalidade – mundo nas series iniciais. São Paulo: Annablume, 2004.

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